Israel anuncia pausa humanitária para distribuição de alimentos em Gaza neste domingo (27)
O governo de Israel informou que realizará, neste domingo (27), uma pausa humanitária em corredores e pontos de distribuição de alimentos na Faixa de Gaza. O anúncio foi feito pelo Ministério das Relações Exteriores no sábado (26), após o Exército israelense retomar o envio de mantimentos à região por meio de lançamentos aéreos e anunciar a criação de rotas humanitárias.
As ações acontecem em meio à forte pressão da comunidade internacional, diante da grave crise humanitária enfrentada pela população palestina em Gaza, território controlado pelo grupo Hamas (classificado como terrorista por Israel e outros países).
Desde março, a entrada de ajuda humanitária na região está completamente bloqueada. Atualmente, a principal via de fornecimento de apoio é a Fundação Humanitária de Gaza, uma entidade apoiada por Israel, mas duramente criticada pela ONU.
De acordo com os militares israelenses, os lançamentos aéreos incluem sete paletes contendo farinha, açúcar e alimentos enlatados, fornecidos por organizações internacionais. No entanto, especialistas alertam que esse tipo de operação tem eficácia limitada, pois os mantimentos nem sempre chegam com segurança à população local. A ONU reforça que a melhor forma de atender os civis seria com a liberação total das passagens terrestres.
ONU alerta para cenário dramático: “um show de horrores”
A retomada das entregas aéreas ocorre em meio ao agravamento da fome e da desnutrição entre os mais de dois milhões de habitantes de Gaza. A ONU descreveu a situação como um “show de horrores”, enquanto mais de 100 ONGs denunciam uma “fome em massa” no território.
A Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA) informou que ao menos 45 pessoas morreram de fome apenas nesta semana. “As pessoas em Gaza não estão nem vivas nem mortas, são cadáveres ambulantes”, relatou Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, na última quinta-feira (24).
Na mesma data, a agência Reuters divulgou imagens de crianças gravemente desnutridas sendo atendidas em um hospital de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. Segundo o Programa Mundial de Alimentos (WFP), quase um terço da população palestina passa dias seguidos sem se alimentar.
Israel, por sua vez, culpa o Hamas e a própria ONU por impedir que os alimentos cheguem aos civis. Enquanto isso, a ONU afirma ter aproximadamente 6 mil caminhões carregados com mantimentos parados, aguardando autorização para entrar em Gaza.
Conflito segue com saldo devastador
A operação militar conduzida por Israel desde 2023 já provocou a morte de mais de 59 mil palestinos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. A maioria das vítimas seriam civis. Do lado israelense, o ataque coordenado pelo Hamas em outubro de 2023 deixou 1,2 mil mortos e resultou em cerca de 250 pessoas sequestradas.
