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Trump diz que pode taxar produtos chineses em 200% caso Pequim não forneça ímãs aos EUA

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Trump ameaça impor tarifa de 200% sobre produtos chineses caso Pequim não forneça ímãs aos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira (25) que a China precisa garantir o fornecimento de ímãs ao mercado americano. Caso contrário, afirmou, poderá impor “uma tarifa de 200% ou algo próximo disso” sobre mercadorias chinesas. A fala ocorreu em meio ao acirramento da disputa comercial e tecnológica entre as duas maiores economias do mundo.

Nos últimos meses, Pequim tem demonstrado maior controle sobre as chamadas terras raras — minerais essenciais para a produção de equipamentos de alta tecnologia. Em abril, o governo chinês incluiu diversos itens desse setor, incluindo os ímãs, em sua lista de restrições de exportação, como resposta às tarifas adicionais aplicadas pelos EUA.

🔎 O que são terras raras

As terras raras correspondem a um conjunto de 17 elementos químicos encontrados em diferentes regiões do mundo, mas com maiores reservas na China e no Brasil. Eles são fundamentais para a fabricação de smartphones, veículos elétricos e outros produtos de alta tecnologia, tornando-se estratégicos para a indústria global.

Os ímãs de maior potência, utilizados em aplicações industriais e tecnológicas avançadas, são produzidos a partir de ligas que contêm elementos como neodímio e samário. Em alguns casos, o disprósio é adicionado para garantir maior estabilidade térmica.

No último domingo, o programa Fantástico destacou o tema em reportagem de Felipe Santana, que explicou a relevância dos ímãs na indústria automotiva e como eles funcionam nos motores de carros elétricos.

Disputa entre EUA e China se intensifica

A fala de Trump é mais um capítulo do confronto comercial e tecnológico entre Washington e Pequim. O impasse ganhou força no segundo trimestre após o anúncio do tarifaço pelo republicano, mas houve tentativas de conciliação. Em 11 de agosto, a China prorrogou por 90 dias a suspensão de tarifas adicionais sobre produtos americanos, após Trump ter assinado uma ordem executiva estendendo a trégua. Durante o período, os chineses mantêm em 10% a taxa sobre importações vindas dos EUA.

Na prática, foi apenas a renovação do acordo firmado em 12 de maio, que previa:

redução das tarifas dos EUA sobre importações chinesas de 145% para 30%; diminuição das taxas da China sobre produtos americanos de 125% para 10%.

Apesar do acerto, a relação seguiu instável. Duas semanas depois, Trump acusou Pequim de descumprir o combinado: “A má notícia é que a China, talvez sem surpresa para alguns, violou totalmente seu acordo conosco”, publicou em suas redes sociais. Em resposta, o governo chinês exigiu a retirada das “restrições discriminatórias” impostas por Washington e a manutenção do consenso alcançado em maio, durante negociações em Genebra, na Suíça.

O acordo, que venceria em 12 de agosto, foi renovado na véspera, com validade de mais 90 dias. Ainda assim, desde o anúncio do tarifaço — que buscava reduzir o déficit comercial americano e fortalecer a posição de Trump em disputas geopolíticas — o republicano enfrenta críticas até de aliados, enquanto o confronto com a China só ampliou as tensões.

Tarifas reduzem déficit, mas prejudicam a economia dos EUA

Segundo relatório do Congressional Budget Office (CBO), órgão independente do Congresso norte-americano, o tarifaço pode reduzir o déficit público dos EUA em até US$ 4 trilhões até 2035. Essa diminuição se daria principalmente por:

arrecadação extra com tarifas, reduzindo o déficit primário em US$ 3,3 trilhões; menor necessidade de endividamento, o que diminuiria em US$ 700 bilhões os gastos com juros da dívida.

O CBO destacou que as projeções são superiores às feitas em junho, que estimavam impacto de US$ 3 trilhões.

Apesar disso, o órgão alerta que tarifas mais altas tendem a encolher a economia americana. O encarecimento de bens de consumo e de capital deve reduzir o poder de compra de famílias e empresas, ao mesmo tempo em que freia investimentos e produtividade. Atualmente, a tarifa média efetiva aplicada pelos EUA sobre produtos importados está 18 pontos percentuais acima dos níveis de 2024.