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A estratégia para o debate decisivo: como Kamala e Trump podem aproveitar pontos fracos um do outro

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Ainda desconhecida por parte dos eleitores, democrata tem que desviar de armadilhas lançadas por republicano, que deverá se concentrar em angariar votos do público feminino.

Donald Trump e Kamala Harris disputam a eleição presidencial dos EUA — Foto: REUTERS/Jonathan Drake e Kevin Lamarque 

No primeiro e talvez o último confrontoentre os candidatos à Casa Branca, Kamala Harris precisa arrasar e livrar os democratas do trauma do debate em junho, quando o desempenho catastrófico do presidente Joe Biden foi determinante para a reviravolta na chapa democrata. Donald Trump precisa sair da posição defensiva a que foi lançado, depois que a nova adversária entrou na disputa, e angariar, sobretudo, o apoio de mulheres. 

O debate, da ABC News, acontece às 22h (horário de Brasília) e será transmitido ao vivo pela Globonews.

A democrata ainda é desconhecida para 28% dos eleitores, mostrou a última pesquisa do “New York Times” com o Sienna College, na qual o republicano lidera no voto popular por apenas 1 ponto percentual. Para eles, que dizem querer aprender mais sobre ela, Kamala tem a missão de se apresentar e brilhar, sem cair em armadilhas lançadas pelo adversário ou derrapar em gafes. 

As pesquisas vêm mostrando que, apesar do entusiasmo gerado pela nova chapa democrata, a candidata ainda não decolou e tomou distância de seu oponente

Em sua terceira disputa presidencial, Trump é figurinha fácil em debates. Resta saber em que versão se apresentará — raivoso ou contido — no duelo desta noite, organizado pela ABC News, na Filadélfia. “Acho que ele vai mentir muito. Não há limite para demonstrar o quão baixo ele é”, apostou a vice-presidente em entrevista ao apresentador Rickey Smiley.

Outra dúvida é se, com os microfones silenciados enquanto o outro fala, a candidata democrata estará preparada para contestar rapidamente o rol de mentiras que serão proferidas pelo adversário. 

Para cumprir a missão de conquistar o público feminino, o ex-presidente deveria evitar as habituais grosserias. Ao chamar insistentemente Kamala de lunática, radical de esquerda, burra e incompetente, ele demonstra um repertório já gasto e destinado somente a seu reduto de seguidores. 

Em vez de se concentrar nos pontos fracos do atual governo, Trump escorrega ao apresentar dados falsos e mirabolantes, como o de equiparar imigrantes a criminosos e o de assegurar que os estados comandados por democratas permitem abortos aos 9 meses. 

É esperado que Kamala mantenha esta noite o mantra de virar a página da divisão, unir o país e traçar um novo caminho. Como vice-presidente, sua posição torna-se difícil, ao ter que defender um governo do qual faz parte e, ao mesmo tempo, propor mudanças. 

Não por acaso, no fim de semana, sua campanha tentou dissipar as críticas de que é vaga em propostas, publicando no site da candidata uma lista de medidas econômicas e projetos nas áreas de imigração e segurança. 

No terreno turbulento em que se transformou a eleição americana, será mais bem-sucedido esta noite quem souber se preservar e explorar as vulnerabilidades de seu concorrente. Nesse sentido, o esforço de Kamala será maior, a fim de consolidar o seu papel como agente da mudança.

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