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Brasil vê com surpresa ataques em ‘tom ofensivo’ da Venezuela contra Lula e diplomatas; veja a nota

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Nicolás Maduro tem atacado o Brasil após recusa nos Brics, bloco dos países emergentes. Governo brasileiro não reconheceu vitória de Maduro em eleição sem transparência.

Por Natuza Nery 

01/11/2024 15h37  Atualizado há 4 horas

Natuza Nery analisa resposta do Brasil a ataques diplomáticos da Venezuela 

O Itamaraty divulgou uma nota em que considera uma “surpresa” os ataques da Venezuela ao presidente Lula (PT) e a diplomatas brasileiros após o país ter atuado nos bastidores para bloquear a sua entrada no Brics, bloco dos países emergentes. Veja a íntegra da nota ao fim deste post.

No documento, o Brasil define como “tom ofensivo” o teor das declarações dadas pelo presidete Nicolás Maduro contra o presidente da República, Lula, diplomatas brasileiros e assessores do Palácio do Planalto. 

“A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo”, se posicionou o governo brasileiro, que ressaltou respeitar “plenamente a soberania de cada país”. 

Mais cedo nesta sexta-feira (1), o Itamaraty definiu a divulgação da notapara deixar claro que não gostou dos ataques de Maduro direcionados ao Brasil. 

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, embaixador Mauro Vieira, discursa durante a reunião de chanceleres do G20, na Sala Plenária da Marina da Glória, no Rio de Janeiro — Foto: Pedro Kirilos/Estadão Conteúdo

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, embaixador Mauro Vieira, discursa durante a reunião de chanceleres do G20, na Sala Plenária da Marina da Glória, no Rio de Janeiro — Foto: Pedro Kirilos/Estadão Conteúdo 

Na avaliação de uma fonte do ministério, não dava mais para a diplomacia brasileira se calar diante de tantos ataques. “Foram várias ofensas dirigidas ao Brasil”, diz essa fonte. 

Brasil vê com surpresa ataques em ‘tom ofensivo’ da Venezuela contra Lula e diplomatas 

Eleição e recusa nos Brics

Nesta semana, a Venezuela agravou a crise diplomática ao convocar o embaixador do país no Brasil e afirmou que o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, atua como “um mensageiro do imperialismo norte-americano”. 

QA crise entre os países teve início quando o Brasil não reconheceu a autoproclamada vitória de Nicolás Maduro na eleição do país, em julho. A vitória foi confirmada por órgão eleitorais venezuelanos que são alinhados a Maduro. 

Mais recentemente, o Brasil e posicionou contra a entrada da Venezuela no Brics, o bloco dos países emergentes. Maduro cobrou que Lula se pronunciasse sobre a posição contrária

Ainda nesta semana, a polícia da Venezuela publicou uma foto com bandeira do Brasil e os dizeres “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”. Na imagem também aparece silhueta de um homem que aparenta ser o presidente Lula. 

Polícia Nacional da Venezuela publicou foto com provocação ao Brasil — Foto: Reprodução

Polícia Nacional da Venezuela publicou foto com provocação ao Brasil — Foto: Reprodução 

Íntegra da nota do Itamaraty

“O governo brasileiro constata com surpresa o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais.

A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo.

O Brasil sempre teve muito apreço ao princípio da não-intervenção e respeita plenamente a soberania de cada país e em especial a de seus vizinhos.

O interesse do governo brasileiro sobre o processo eleitoral venezuelano decorre, entre outros fatores, da condição de testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual foi convidado, assim como para o acompanhamento do pleito de 28 de julho.

O governo brasileiro segue convicto de que parcerias devem ser baseadas no diálogo franco, no respeito às diferenças e no entendimento mútuo.”