
Cessar-fogo entre Israel e Hamas está sob risco de colapso
A trégua em vigor no conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza enfrenta um momento crítico, com ameaças políticas, acusações mútuas de violações do acordo e a tensão gerada pela libertação de reféns. A possibilidade de um rompimento definitivo do cessar-fogo preocupa a comunidade internacional.
Nesta terça-feira (11), o Hamas reagiu a declarações do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que sugeriu que Israel deveria retomar os ataques caso o grupo terrorista não acelerasse a soltura de reféns. Em resposta, Sami Abu Zuhri, alto funcionário do Hamas, afirmou à agência Reuters que Trump não contribui para a resolução do conflito e que ameaças apenas complicam a situação.
Trump fez os comentários após o Hamas interromper temporariamente a libertação dos reféns que mantém em Gaza. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, seguiu a sugestão do ex-presidente norte-americano e declarou que, caso o grupo não cumpra com a liberação até o meio-dia de sábado, as Forças de Defesa de Israel (IDF) retomarão os combates intensos.
Acusações de violações do acordo

O Hamas justificou a suspensão da libertação de reféns alegando que Israel não estaria cumprindo o cessar-fogo, acusando o país de realizar ataques e dificultar a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Israel, por sua vez, rebateu as acusações e declarou que o Hamas estaria violando a trégua.
Desde o início do cessar-fogo, em 19 de janeiro, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, relatou a morte de 92 pessoas e ferimentos em outras 822 devido a ações militares israelenses. Israel nega as alegações.
A libertação de reféns israelenses, prevista para o próximo sábado (15), também foi afetada pelo impasse. Até agora, 16 reféns foram libertados em cinco rodadas de negociações. O acordo inicial previa a soltura de 33 pessoas, mas o Hamas afirmou que oito dos reféns remanescentes já morreram.
Diante do risco de escalada no conflito, Netanyahu ordenou o reforço da presença militar israelense dentro e ao redor de Gaza. O Hamas, por sua vez, justificou o atraso na soltura dos reféns citando demoras na libertação de prisioneiros palestinos por parte de Israel.
Polêmica com Trump e futuro da Faixa de Gaza
A crise se intensificou após Trump declarar que os EUA deveriam assumir o controle da Faixa de Gaza no pós-guerra e transformar a região em uma “Riviera do Oriente Médio”. A declaração foi duramente criticada pelo Hamas e por diversos países árabes, que classificaram a ideia como uma tentativa de expulsão forçada dos palestinos.

Especialistas alertam que a proposta violaria o direito internacional e poderia configurar uma forma de “limpeza étnica”. O Escritório de Direitos Humanos da ONU condenou qualquer tentativa de remover palestinos de Gaza.
O que prevê o cessar-fogo?
O acordo assinado em janeiro entre Israel e Hamas estipula um processo em três fases. A primeira etapa, atualmente em vigor, envolve a suspensão dos ataques, a libertação de reféns pelo Hamas e a retirada gradual das tropas israelenses de Gaza.
A segunda fase prevê a libertação dos reféns restantes em troca de prisioneiros palestinos, enquanto a terceira fase discutirá a reconstrução de Gaza e a governança do território. No entanto, com a trégua cada vez mais instável, o avanço para as próximas etapas segue incerto.