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Chanceler iraniano rebate Trump e critica Israel: ‘Recorreu aos EUA para evitar ataque’

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Irã reage a ameaça de Trump e eleva tom contra EUA e Israel

O chanceler iraniano, Abbas Araqchi, respondeu às declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou nesta sexta-feira (27) que voltaria a bombardear o Irã caso haja qualquer indício de continuidade no enriquecimento de urânio pelo país.

Em publicação na rede social X, Araqchi criticou o tom adotado pelo presidente americano e afirmou que o povo iraniano “conhece seu valor, valoriza a independência e não permitirá que ninguém decida seu destino”.

“O presidente Trump, se realmente deseja um acordo sobre o programa nuclear, precisa abandonar a linguagem ofensiva e inaceitável usada contra o líder supremo do Irã, o Grande Aiatolá Khamenei, e respeitar os milhões de seguidores fiéis do guia”, afirmou.

O diplomata iraniano também direcionou críticas a Israel:

“O grande e poderoso povo iraniano, que já demonstrou ao mundo que o regime israelense NÃO TEVE ESCOLHA a não ser CORRER para o ‘papai’ para não ser esmagado pelos nossos mísseis, não tolera ameaças ou insultos.”

Ele ainda alertou que o Irã não hesitará em mostrar sua força militar “real” no futuro.

A expressão “papai” faz referência a uma fala do secretário-geral da Otan, Mark Rutte, que comparou a postura de Trump com Irã e Israel a um pai repreendendo os filhos:

“Às vezes, o papai precisa usar uma linguagem mais dura”, disse Rutte.

Trump celebra bombardeio e faz novas ameaças

Durante uma coletiva na Casa Branca, Trump classificou os ataques dos EUA ao Irã, realizados durante o conflito de 12 dias entre Israel e Teerã, como uma “vitória esmagadora”. Segundo ele, os bombardeios encerraram a guerra e impediram o Irã de seguir com seu programa nuclear.

“Falamos por 30 anos que o Irã teria uma arma nuclear, e agora finalmente agimos. Assim que as bombas foram lançadas, a guerra acabou. Foi uma grande vitória”, declarou.

Questionado sobre um possível novo ataque, Trump foi direto:

“Sem dúvida nenhuma, com certeza.”

Trump também disse que o aiatolá Ali Khamenei mentiu ao povo iraniano ao declarar vitória sobre Israel, e prometeu responder a essa declaração — sem, no entanto, dar detalhes.

“Diga a verdade: vocês foram derrotados. Israel também sofreu, mas vocês levaram um golpe muito forte. A última coisa em que estão pensando agora é em armas nucleares”, disparou.

O republicano ainda afirmou que “salvou” o líder iraniano de uma morte “feia e humilhante”.

Segundo Trump, o Irã deseja negociar, algo que autoridades iranianas negam repetidamente. Teerã mantém a posição de que seu programa nuclear tem fins pacíficos e que tem o direito de enriquecer urânio. No entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) detectou urânio enriquecido acima dos níveis permitidos.

O presidente dos EUA também afirmou que gostaria que inspetores da AIEA ou de outra fonte confiável pudessem visitar as instalações nucleares atacadas no Irã — como Natanz, Fordow e Isfahan — para avaliar os danos e os níveis de radiação. A AIEA, por sua vez, segue pedindo acesso, mas o Irã resiste e, nesta sexta-feira, chamou o diretor-geral da agência, Rafael Grossi, de “inconveniente e até mal-intencionado”. Teerã suspendeu a cooperação com o órgão após o conflito.

Israel alerta que bombardeios ao Irã foram só o começo

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, também endureceu o discurso. Em uma publicação na rede X, ele afirmou que os ataques ao Irã foram apenas “uma prévia” e que pediu ao Exército um plano permanente de dissuasão contra o regime de Khamenei.

“Ordenei que as Forças de Defesa de Israel elaborem um plano para manter a dissuasão contínua contra o Irã. O chefe da serpente em Teerã, já sem dentes, deve entender: a ‘Operação Leão em Ascensão’ foi só o começo”, declarou.

Katz disse ainda que o plano envolve ações como manter a superioridade aérea na região, conter os programas nuclear e de mísseis do Irã e combater o apoio iraniano a grupos terroristas, sem detalhar as medidas.

Apesar da escalada retórica, um cessar-fogo entre Irã e Israel está em vigor desde a madrugada de terça-feira. A trégua, embora frágil, tem sido mantida após um início tenso, que levou Trump a repreender os dois lados.

Até o momento, o governo iraniano não respondeu oficialmente às falas de Katz. Porém, Teerã já afirmou que qualquer novo ataque israelense será respondido.

A imprensa israelense informou ainda que o Mossad emitiu uma mensagem à população iraniana nesta sexta-feira, escrita em farsi, recomendando que se mantenham longe de bases da Guarda Revolucionária, especialmente se ouvirem “um som parecido com cortador de grama vindo do céu”, sugerindo novos ataques com mísseis.

O comandante da Força Aérea de Israel, general Tomer Bar, afirmou que o país pode colocar aviões sobre Teerã “a qualquer momento”. Segundo ele, a destruição das defesas aéreas iranianas foi decisiva e permitiu que tanto Israel quanto os EUA reivindicassem total controle do espaço aéreo do Irã.