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Cerca de 100 funcionários perderam seus empregos após o fechamento dos serviços da Rede Cáritas em Roraima. A organização, que atendia refugiados, migrantes venezuelanos e pessoas em situação de vulnerabilidade social, suspendeu suas atividades nesta segunda-feira (17). O encerramento ocorreu devido ao corte de repasses de fundos americanos para ajuda humanitária, decisão tomada pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Os trabalhadores atuavam em diversos setores da Cáritas, incluindo instalações sanitárias que ofereciam serviços de higiene pessoal e no projeto “Sumaúma: Nutrindo Vidas”, responsável pela distribuição de refeições a pessoas vulneráveis, entre elas brasileiros. Além disso, funcionários do escritório da organização também foram afetados.
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“São 100 novos desempregados no estado. Todos recebiam salários e benefícios pagos pela Cáritas, e o impacto vai além disso, pois movimentávamos cerca de R$ 1 milhão por mês, gerando também serviços indiretos”, afirmou Wellthon Leal, assessor nacional da entidade.
A Cáritas empregava profissionais com diferentes níveis de escolaridade, incluindo brasileiros, venezuelanos e colombianos, que atuavam na limpeza, coordenação e produção de alimentos, entre outras funções.
Em entrevista ao g1, Leal explicou que a organização não dispõe mais de recursos para manter as equipes, o que levou à demissão dos funcionários e à interrupção das atividades. “Tivemos que encerrar os contratos porque não há mais verba para sustentar a equipe. São pessoas com perfis variados, desde trabalhadores com ensino médio até profissionais mais qualificados, de diversas partes do Brasil e de outros países”, disse ele.
O projeto Sumaúma recebia aproximadamente R$ 800 mil por mês, valor utilizado para pagamento de salários, gás e fornecedores de alimentos locais. Já as instalações sanitárias do projeto Orinoco contavam com um investimento mensal de cerca de R$ 250 mil.
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“Esse dinheiro não era apenas para a equipe da Cáritas. Ele também financiava a compra de alimentos, gás, produtos de higiene e outros itens essenciais, sempre priorizando fornecedores locais para movimentar a economia de Roraima. Agora, cerca de R$ 1 milhão deixam de circular no estado”, destacou Leal.
Desde sua criação em 2022, o projeto Sumaúma distribuía 1,8 mil refeições diárias, incluindo café da manhã e almoço, no Posto de Recepção e Apoio (PRA) da Operação Acolhida, em Boa Vista. Com a suspensão do financiamento pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), planejada pelo governo Trump, a distribuição de alimentos foi interrompida por tempo indeterminado.