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Cúpula das Forças Armadas avalia que Braga Netto ‘deixou de ser militar’ e agiu como político em trama golpista

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Cúpula militar vê Braga Netto como político e busca separação entre golpistas e defensores da democracia

Membros da alta cúpula das Forças Armadas avaliam que o general da reserva Walter Souza Braga Netto, preso neste sábado (14) no âmbito de um inquérito sobre uma trama golpista, já não agia como militar durante os episódios investigados pela Polícia Federal. Para esses militares, Braga Netto atuava como político, comportamento que se intensificou após sua candidatura como vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro.

Segundo fontes, durante o período investigado, Braga Netto operava a partir da sede do Partido Liberal (PL), ao qual se filiou para concorrer às eleições. A Polícia Federal aponta que, de lá, ele liderava o planejamento de um golpe que visava impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente. Documentos apreendidos, como o manuscrito intitulado “Operação 142”, indicam que o objetivo era frustrar a cerimônia de posse no Palácio do Planalto.

Além de ser apontado como mentor da trama, a Polícia Federal também atribui a Braga Netto o papel de operador financeiro do esquema. Ele teria financiado ações de um grupo conhecido como “kids pretos”, formado por membros das Forças Especiais, com o objetivo de prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Ele deixou de ser militar”

Para a cúpula militar, a prisão de Braga Netto é um duro golpe na imagem das Forças Armadas. Um oficial destacou: “Ele deixou de ser militar, virou político. Braga Netto passou a comandar um partido político e a ter uma atuação que não condiz com a função militar.”

Há, porém, consenso entre militares de alta patente sobre a importância de um desfecho rápido para o caso. Eles defendem que a Procuradoria-Geral da República (PGR) formalize a denúncia e que os envolvidos sejam julgados, separando aqueles que participaram de ações golpistas dos que permaneceram leais ao Estado Democrático de Direito.

Os comandantes do Exército e da Aeronáutica na época, Freire Gomes e Batista Jr., respectivamente, são frequentemente citados como exemplos de lealdade institucional, já que se recusaram a aderir ao plano golpista e condenaram a iniciativa.

Nota da defesa

A defesa do general Walter Souza Braga Netto afirmou que irá provar que o ex-ministro não agiu para obstruir as investigações. Segundo comunicado divulgado neste sábado (14), os advogados do militar declararam que irão se manifestar formalmente após terem acesso completo aos autos do processo.

“Com a crença no devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução às investigações”, diz a nota.

Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022, foi preso preventivamente a pedido da Polícia Federal, em decisão confirmada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.