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‘Filme revela ao mundo a essência do Brasil: afeto e calor humano’, afirma Fernanda Torres sobre Ainda Estou Aqui

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Em Los Angeles, Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello celebram vitória no Oscar e destacam o poder da resistência na arte

Na noite desta segunda-feira (3), o Jornal Nacional entrevistou, diretamente de Los Angeles, os vencedores do Oscar Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello. O trio celebrou o reconhecimento internacional do filme inspirado na trajetória de Eunice Paiva, uma mulher que enfrentou a ditadura militar no Brasil e se tornou símbolo de luta por justiça e direitos humanos.

Sete anos de dedicação

Questionado sobre a repercussão global do filme, Walter Salles explicou que o projeto foi fruto de sete anos de trabalho. No entanto, o diretor destacou que o verdadeiro impulso veio da força da história de Eunice Paiva e da entrega do elenco.

“A trajetória dessa mulher, que enfrentou sozinha uma ditadura militar e transformou a dor em resistência, ilumina um caminho para os dias de hoje. Esse foi o ponto de partida. Mas nada disso teria sido possível sem Fernanda, Selton e dona Fernanda Montenegro, que elevaram o filme a um nível que nos obrigou a sermos melhores. O público brasileiro também é coautor desse filme, porque o acolhimento de mais de cinco milhões de brasileiros ressoou pelo mundo todo”, afirmou o cineasta.

Legado familiar e resistência

A emoção tomou conta quando Fernanda Torres falou sobre o legado de sua mãe, Fernanda Montenegro, que também integra o elenco. A atriz destacou a conexão entre a história do filme e as gerações que viveram períodos sombrios da história brasileira.

“Minha mãe pertence à mesma geração de Eunice Paiva. Ambas atravessaram tempos de autoritarismo, criaram filhos que se tornaram artistas e, de certa forma, transmitiram a capacidade de resistir. Esse filme fala sobre a transmissão da memória, sobre como a resistência se perpetua no tempo. Eu fico pensando nas crianças que vivem hoje. Que filmes elas vão fazer daqui a 50 anos para contar como resistimos ao autoritarismo e aos movimentos antidemocráticos atuais?”

Conexão emocional nas telas

Selton Mello destacou que, desde o início das filmagens, a equipe sabia que estava contando uma história poderosa, mas não imaginava a dimensão que o filme alcançaria.

“Nunca dá para ter certeza do impacto que um filme vai causar, mas tínhamos uma base linda, que é o livro do Marcelo Rubens Paiva, e um diretor que viveu de perto aquela realidade. Nós formamos uma família durante o processo. Essa convivência criou uma energia que transparece na tela e toca o público, porque no fundo essa é uma história de família, com todas as suas dores e afetos”, contou o ator.

O Brasil de volta ao mundo

Ao comentar a vitória, Fernanda Torres ressaltou que a trajetória do filme não foi impulsionada por grandes campanhas de marketing, mas pelo boca a boca e pelas conversas que o elenco manteve com o público ao longo de seis meses de exibições.

“Senti que estávamos representando o Brasil no mundo. Esse filme apresenta o que o país tem de melhor: a afetividade, o calor humano e uma maneira única de estar no mundo. A reação do público, não só no Brasil, mas em diferentes países, mostrou que essa energia ainda é uma potência que nos define”, afirmou a atriz.

O que vem agora?

Ao final da entrevista, quando perguntados sobre os planos para os próximos dias, a resposta foi unânime e bem-humorada:

— Dormir! — brincaram Fernanda Torres e Selton Mello, arrancando risos.

A vitória não apenas celebra o talento brasileiro, mas reafirma a importância da arte como instrumento de memória, resistência e transformação.