Ideia seria fazer um ‘2º turno’ com a mediação de órgãos internacionais. A ideia é defendida por integrantes do governo Lula, como Celso Amorim, como uma das possibilidades para destravar o cenário crítico após a eleição venezuelana.
Por Julia Duailibi, Gerson Camarotti, Guilherme Balza, Globonews
Impasse na Venezuela leva Brasil a estudar proposta de uma nova eleição no país
O impasse após as eleições presidenciais da Venezuela levou o Brasil a estudar a proposta de um novo pleito no país. A ideia é a realização de um “2º turno” com a mediação de órgãos internacionais.
A realização desta nova eleição é defendida por integrantes do governo Lula, entre os quais o assessor especial internacional do presidente, Celso Amorim, como uma das possibilidades para destravar o cenário político venezuelano que está em estado crítico após a disputa de 28 de julho.
A informação é do jornal “Valor Econômico” e foi confirmada pelo blog.
O assunto foi debatido na reunião ministerial realizada em Brasília, realizada na quinta-feira (8) e conta com a simpatia do presidente Lula.
O blog apurou com integrantes do Palácio do Planalto que, além da possibilidade de uma nova eleição, há também uma possível tentativa de acordo entre o governo Maduro e a oposição, mas apontam que este seria um cenário muito difícil. Nicolás Maduro não dá sinais de aceitar nenhuma das duas ideias.
Lula defendeu que a melhor saída para Maduro seria convocar novas eleições na Venezuela diante dos questionamentos da oposição e da falta de reconhecimento da comunidade internacional.
Alguns integrantes do governo não acreditam na possibilidade de realização de um dos dois acordos e que a estratégia do governo brasileiro deve se manter na insistência pelo pedidos das atas eleitorais.
O blog também apurou que o governo do México não está mais tão empenhado como estava no começo das negociações. Fica só Brasil e Colômbia nas negociações, o que enfraquece qualquer tipo de negociações.
Governo estuda propor novas eleições na Venezuela para estancar crise
Eleição na Venezuela
De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Maduro foi reeleito com 51,95% dos votos, enquanto seu opositor, Edmundo González, recebeu 43,18%. A oposição e a comunidade internacional contestam o resultado divulgado pelo órgão eleitoral e pedem a divulgação das atas eleitorais. Segundo contagem paralela da oposição, González venceu Maduro com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.
Com base nessas contagens, Estados Unidos, Panamá, Costa Rica, Peru, Argentina e Uruguai declararam que o candidato da oposição venceu Maduro.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) também não reconheceu o resultado das eleições presidenciais. Em relatório feito por observadores que acompanharam o pleito, a OEA diz haver indícios de que o governo Maduro distorceu o resultado.
O Brasil se posicionou ao lado de México e Colômbia, que divulgaram uma nota conjunta na quinta-feira (1º),pedindo a divulgação de atas eleitorais na Venezuela. A nota pede também a solução do impasse eleitoral no país pelas “vias institucionais” e que a soberania popular seja respeitada com “apuração imparcial”.
Na terça-feira (6), González afirmou ter ganhado as eleições no país e, nesta quarta, disse que não comparecerá a uma audiência judicial no Tribunal Supremo de Justiça para a qual ele havia sido convocado.
Ele acusou ainda o Tribunal Supremo — composto por juízes em maioria alinhados ao regime de Maduro — de usar o Judiciário para “‘certificar’ resultados que ainda não foram produzidos de acordo com a Constituição e a lei, com acesso dos partícipes às atas originais.
O regime de Maduro disse que o oposicionista pode receber uma ordem de prisão caso não compareça. Mais de 1,2 mil pessoas foram presas após os protestos que tomaram o país depois das eleições. Maduro disse que González e a líder da oposição, María Corina Machado, deveriam “estar atrás das grades”.