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Justiça dos EUA anula decisão do governo Trump que barrava alunos estrangeiros em Harvard

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Justiça dos EUA bloqueia decisão do governo Trump que proibiria presença de estrangeiros em Harvard

Nesta sexta-feira (23), a Justiça dos Estados Unidos suspendeu a medida do governo Trump que proibia a Universidade Harvard de manter estudantes estrangeiros em seus cursos. A decisão judicial garante, por ora, que alunos internacionais possam seguir com seus vistos de estudante válidos para estudar na instituição.

A iniciativa do governo americano, anunciada na quinta-feira (23) pelo Departamento de Segurança Interna (DHS), visava restringir o visto de cerca de 7 mil alunos internacionais — que representam um em cada quatro estudantes de Harvard. A universidade contestou a medida na Justiça Federal de Boston, que acatou o pedido e determinou a suspensão imediata da nova regra.

A juíza Allison Burroughs, indicada ao cargo pelo ex-presidente Barack Obama, ordenou a paralisação da decisão do governo Trump. A medida segue sem efeito, a menos que a administração federal recorra. Até a última atualização desta reportagem, não havia informação oficial sobre eventual recurso. Novas audiências estão marcadas entre os dias 27 e 29 de maio para discutir os próximos passos do caso.

Harvard rebate medida e aponta prejuízos

Na ação apresentada à Justiça, Harvard afirmou que a medida teria “efeitos devastadores” sobre a vida dos alunos estrangeiros, que dependem do visto para permanecer legalmente nos Estados Unidos. A universidade declarou:

“Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard.”

A instituição de quase 400 anos criticou duramente a iniciativa do governo, afirmando que ela poderia eliminar, de forma arbitrária, 25% do seu corpo estudantil.

Além disso, classificou a medida como uma “violação flagrante” da Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que garante a liberdade de expressão e de associação, além de desrespeitar outras leis federais.

Acusações do governo e contexto da decisão

Segundo o Departamento de Segurança Interna, a proibição se deu porque Harvard não teria fornecido documentos solicitados sobre seus estudantes estrangeiros. A proposta previa que esses alunos se transferissem para outras instituições — caso contrário, perderiam o direito de permanecer no país.

A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, chegou a acusar Harvard, em carta oficial, de criar um “ambiente hostil para estudantes judeus”, promover simpatia ao grupo Hamas e adotar políticas de diversidade consideradas “racistas”.

Entrada em vigor e impacto

A medida do governo estava programada para vigorar no ano letivo de 2025-2026. Estudantes que concluíssem seus cursos ainda neste semestre não seriam afetados, mas aqueles em curso seriam obrigados a mudar de universidade para manter o visto.

Já os estrangeiros recém-aprovados para iniciar os estudos em setembro sequer poderiam começar suas aulas.

A decisão judicial representa uma vitória provisória para Harvard e seus estudantes internacionais, em meio a um confronto crescente entre a instituição e o governo Trump sobre temas como imigração, diversidade e liberdade acadêmica.