
Mercados desabam após anúncio de tarifas de Trump, mas presidente mantém tom otimista
Mesmo com o forte recuo das bolsas norte-americanas após a divulgação do pacote de tarifas comerciais por Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos demonstrou confiança nesta quinta-feira (3), afirmando que “tudo está indo muito bem”.
“Está indo muito bem. Foi como uma operação — como quando alguém passa por uma cirurgia. É algo grande. E eu disse que seria exatamente assim”, declarou o republicano.
Os mercados reagiram com força: os principais índices de ações dos EUA registraram as maiores quedas em um único dia desde o auge da pandemia de Covid-19, em 2020. Confira o fechamento:
• Dow Jones: -3,98%, a 40.545,93 pontos
• S&P 500: -4,84%, a 5.396,52 pontos
• Nasdaq: -5,97%, a 16.550,60 pontos
A declaração de Trump foi feita após questionamentos sobre o impacto das tarifas no mercado financeiro. Mesmo com o clima negativo nas bolsas da Europa e da Ásia, o presidente afirmou que a medida trará benefícios aos EUA. Segundo ele, as novas tarifas devem incentivar países a buscarem acordos comerciais com os americanos.
“Os mercados vão crescer, as ações vão subir, o país vai avançar, e o mundo vai querer negociar conosco”, completou Trump, a caminho de seu clube de golfe na Flórida.
Dia tenso nos mercados globais
A quinta-feira foi marcada por fortes turbulências nos mercados globais. O dólar teve um dia de queda expressiva, enquanto as bolsas ao redor do mundo recuaram.
No Brasil, o cenário foi mais estável. O dólar fechou em baixa de 1,23%, cotado a R$ 5,62 — o menor nível desde 14 de outubro. Já o Ibovespa registrou leve recuo de 0,04%, encerrando o dia aos 131.141 pontos, destoando das perdas globais.
A menor tarifa imposta ao Brasil — de 10% — ajudou a conter os impactos no mercado local.
De forma geral, os investidores enxergam as novas tarifas como um fator de pressão inflacionária, uma vez que produtos e insumos importados tendem a ficar mais caros, o que pode reduzir o consumo e desacelerar a economia norte-americana. Isso influenciou a queda do dólar.
O índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas internacionais, recuou 1,67%, para 102,073 pontos — o menor nível desde outubro do ano passado.
Na Europa, os principais índices também fecharam em queda:
• Euro Stoxx 50: -3,57%
• DAX (Alemanha): -3,08%
• CAC 40 (França): -3,31%
• Itália 40: -3,55%
• IBEX 35 (Espanha): -1,19%
• AEX (Holanda): -2,67%
• FTSE 100 (Reino Unido): -1,55%
A Suíça, alvo de uma tarifa de 31%, viu seu índice SMI cair 2,50%.
Na Ásia, o impacto também foi forte. As tarifas mais altas miraram países do continente, como Vietnã (46%), Bangladesh (37%) e Tailândia (36%). Veja os desempenhos:
• Hang Seng (Hong Kong): -1,52%
• Nikkei 225 (Japão): -2,73%
• Kospi (Coreia do Sul): -0,76%
• SET (Tailândia): -0,93%
• Nifty 50 (Índia): -0,35%
Entenda o ‘tarifaço’ de Trump
As tarifas anunciadas na quarta-feira fazem parte da estratégia de “tarifas recíprocas”, promessa de campanha de Trump desde seu primeiro mandato. Segundo ele, os EUA passarão a aplicar tarifas semelhantes às que outros países impõem sobre produtos americanos — embora o cálculo tenha como base o déficit comercial com cada nação.
Ásia e Oriente Médio foram os blocos mais atingidos, com tarifas que, em alguns casos, ultrapassam 40%. A Europa também foi duramente afetada, e Trump classificou os comerciantes europeus como “muito duros”.
O Brasil, por outro lado, recebeu uma das tarifas mais brandas — 10% sobre todas as importações. Trump batizou o anúncio como o “Dia da Libertação”, alegando que a medida libertará os EUA da dependência de produtos estrangeiros.