Lula e o Brasil vêm sendo pressionados, dentro e fora do país, a não condescenderem com supressão da democracia na Venezuela.
Por Pedro Henrique Gomes, g1 — Brasília
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta quinta-feira (8) que a Venezuela deve apresentar as atas eleitorais e que, se houver “problema” nos documentos, deverá ser buscada uma “solução” para o impasse na eleição presidencial daquele país.
O ministro ressaltou também que o Brasil vai se manter no papel de mediador na crise eleitoral no país vizinho.
Costa falou com a imprensa após uma reunião ministerial entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe de ministros. A reunião começou pela manhã e terminou no fim da tarde. Diversos temas de interesse do governo foram tratados, segundo o ministro da Casa Civil.
Lula e o Brasil vêm sendo pressionados, dentro e fora do país, a não condescenderem com supressão da democracia na Venezuela. A eleição do domingo (28), que reelegeu o presidente Nicolás Maduro, é considerada fraudada pela oposição e alguns países da comunidade internacional.
As atas eleitorais — espécies de boletins das urnas — ainda não foram apresentadas pelas autoridades venezuelanas, o que joga ainda mais suspeita sobre o processo. A posição do Brasil vem sendo exigir a apresentação das atas, sem reconhecer nem rejeitar o resultado.
“Isso a carta assinada pelo Brasil diz, é que as autoridades responsáveis pela eleição apresentem as atas de votação, por seção, detalhadas, que o mundo inteiro possa olhar e, ou confirmar o resultado da eleição, ou dizer ‘Ó, tem problemas’ e buscar, se tiver problemas, uma solução para isso. Então, o Brasil quer ser parte da solução. É isso que está sendo conduzido. Nós próximos dias o MRE vai atuar no sentido de o presidente da República de buscar junto à Venezuela a solução disso”, afirmou o ministro.
O ministro disse que o Brasil vai manter a posição de mediador da crise no país vizinho e está compromissado com soluções pacíficas para a Venezuela.
“Então, o Brasil quer continuar, vai insistir no papel de mediador junto com outros países da América e agradeceu muito o apoio da União Europeia no documento que referenda a posição que o Brasil tem no sentido de buscar uma solução pacífica, uma solução que possibilite ao povo da Venezuela retomar a paz, o emprego a renda e a melhoria de vida das pessoas”, continuou.
Expulsão do embaixador na Nicarágua
Outro tema da política externa que Rui Costa comentou foi a expulsão, pelo governo da Nicarágua, do embaixador brasileiro naquele país, Breno Souza da Costa. A expulsão ocorreu, segundo o governo nicaraguense, em razão de a embaixada brasileira não enviar representantes às celebrações oficiais pelos 45 anos da Revolução Sandinista, que aconteceram na capital Manágua em 19 de julho.
A decisão pela expulsão, segundo a imprensa nicaraguense, ocorreu em retaliação à ausência brasileira no evento – o presidente nicaraguense, Daniel Ortega, é um ex-guerrilheiro do movimento sandinista.
Aplicando o princípio da reciprocidade na diplomacia, o Brasil mandou de volta a embaixadora da Nicarágua em Brasília, Fulvia Patricia Castro Matu.
“Eu não sou diplomata. Mas de ouvir que na diplomacia tem uma palavra que chama-se reciprocidade. Então, como o embaixador brasileiro lá foi convidado a se retirar, a reciprocidade é que o embaixador aqui também foi embora. Então, é uma ação recíproca dentro do que é a tradição diplomática brasileira. O Brasil, e o presidente voltou a reafirmar na reunião, quer buscar paz e bom relacionamento com todo mundo. Mas não pode aceitar que seus representantes, seus embaixadores, sejam importunados”, afirmou Rui Costa.