Levantamento da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) mostra que o estado tem 20,95 leitos por 100 mil habitantes, abaixo da média nacional, que é de 36,06.
Por Lucas Marreiros, g1 PI
Leito de UTI no Piauí — Foto: CCOM
O Piauí tem a menor taxa proporcional de Unidades de Terapia Intensiva, ou seja, leitos de UTI, do país, segundo estudo divulgado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) nesta semana. Veja o ranking com todos os estados ao fim da reportagem.
Conforme o levantamento, o estado tem 685 leitos de UTI, que representam 20,95 leitos por 100 mil habitantes. Bem abaixo do primeiro lugar, o Distrito Federal, que tem taxa de 76,68 leitos, e abaixo da média nacional, que é de 36,06 leitos.
Para a AMIB, o dado mostra uma necessidade de políticas públicas que promovam uma distribuição mais justa da infraestrutura hospitalar e de profissionais intensivistas pelo país, visto que, assim como o Piauí, outros 18 estados estão abaixo da média nacional.
“É necessário realizar investimentos públicos consistentes para melhorar o acesso a leitos e profissionais qualificados, expandindo os programas de residência em medicina intensiva e implementando políticas de incentivo para atrair médicos intensivistas”, afirmou Patrícia Mello, presidente da associação.
Procurados para se manifestar sobre o dado, o Ministério da Saúde, a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí e a Fundação Municipal de Saúde de Teresina (FMS) não se manifestaram até a publicação desta reportagem.
Crescimento na pandemia
O estudo da AMIB mostrou que houve aumento de 52% dos leitos de UTI no Brasil na última década, passando de 47.846, em 2014, para 73.160, em 2024, e que o crescimento mais expressivo aconteceu entre os anos de 2021 e 2022, durante a pandemia da Covid-19, período em que ficou evidente a importância dos cuidados intensivos para gerir uma crise sanitária de grandes proporções.
A associação apontou ainda que houve aumento significativo dos leitos complementares, mas a distribuição destes também permanece gravemente desigual, tanto em aspecto territorial como social.
Além disso, o levantamento também evidenciou a disparidade entre a oferta de leitos na rede pública e na rede privada. Do total de leitos de UTI existentes no Brasil, 37.820 (51,7%) são operados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 35.340 (48,3%) pelo Sistema Suplementar de Saúde (SSS).
“Apesar da proximidade dos números de leitos de cuidados intensivos disponíveis entre as redes pública e privada, a diferença entre a população atendida pelos dois universos evidencia o problema”, afirmou a AMIB em nota.
“São 24,87 leitos por 100 mil habitantes no SUS (152 milhões de SUS dependentes), enquanto os beneficiários dos planos de saúde possuem 69,28 leitos para cada 100 mil (51 milhões de beneficiários de planos e seguros de assistência médica)”, explicou a associação.
O estudo também mostra a discrepância entre as regiões do país. O Norte apresenta o menor índice, com 27,52 leitos totais de UTI por 100 mil habitantes, seguido do Nordeste, com 29,28; do Sul, com 32,11; do Centro-Oeste, com 40,8; e, por fim, o Sudeste, com 42,58.