O presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs nesta quinta-feira (19) um “duelo” com os Estados Unidos para demonstrar a capacidade do novo míssil balístico hipersônico Oreshnik. A declaração foi feita durante a tradicional conferência de imprensa anual organizada pelo governo em Moscou.
Putin reagiu ao ceticismo ocidental em relação ao Oreshnik, sugerindo um experimento no qual ambos os países protegessem alvos designados com seus sistemas de defesa antimísseis. Ele afirmou que a Rússia provaria sua superioridade. “Estamos prontos para tal experimento”, disse o presidente, enfatizando o fortalecimento militar russo.
O míssil Oreshnik foi usado pela primeira vez em 21 de novembro contra a cidade ucraniana de Dnipro, em resposta ao uso pela Ucrânia de mísseis ATACM fornecidos pelos Estados Unidos e Storm Shadows britânicos. Putin destacou que esses ataques foram realizados com a aprovação de nações ocidentais.
Rússia exibe exercício militar com caças perto da costa do Alasca, nos EUA
Sobre a relação com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, Putin declarou que ainda não há uma data para um encontro, mas está disposto a dialogar. “Não falo com Trump há mais de quatro anos”, revelou.
Em relação à Síria, Putin reafirmou o apoio ao governo de Bashar Al-Assad, atualmente exilado na Rússia. Ele negou que Moscou tenha sido derrotada no país e mencionou negociações com o novo governo sírio sobre bases militares russas. Além disso, Putin planeja um encontro com Assad, durante o qual discutirá o desaparecimento do jornalista americano Austin Tice.
Exercícios militares e tensões crescentes
Nesta quarta-feira (18), a Rússia realizou exercícios militares próximos à costa do Alasca, divulgando imagens nas redes sociais. O Ministério da Defesa russo mostrou bombardeiros estratégicos Tu-95MS sobrevoando áreas neutras no Ártico, em conformidade com as normas internacionais de espaço aéreo.
O general Valery Gerasimov, chefe do Estado-Maior russo, acusou os Estados Unidos de fomentar conflitos globais e violar acordos de controle de armas da era da Guerra Fria. Ele afirmou que a falta de confiança entre Moscou e o Ocidente tornou inviável o retorno a mecanismos eficazes de controle de armas.
Gerasimov também alertou para uma nova corrida armamentista, impulsionada pela presença de mísseis americanos na Europa e Ásia, com destaque para o aumento de forças dos EUA nas Filipinas, o que preocupa a Rússia. Ele declarou que os Estados Unidos se tornaram participantes diretos do conflito na Ucrânia ao fornecerem mísseis de longo alcance para as forças ucranianas.
Rússia faz teste de mísseis hipersônicos no Mar Mediterrâneo
Exibição de poder militar
Recentemente, a Rússia tem utilizado as redes sociais para exibir seu arsenal bélico. Em Sakhalin, soldados participaram de treinamentos com sistemas de mísseis portáteis Igla. Em outro vídeo, foram registrados testes de mísseis, incluindo hipersônicos, no Mediterrâneo Oriental. Essas ações refletem o esforço contínuo do Kremlin em demonstrar sua força militar em meio às tensões globais.