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Redução da jornada proposta pelos Correios pode resultar em corte de até 29,4% nos salários dos funcionários.

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Correios propõem redução de jornada com corte de até 29,4% nos salários para conter prejuízo de R$ 2,6 bilhões

Os Correios anunciaram nesta segunda-feira (12) uma proposta para enfrentar o prejuízo de R$ 2,6 bilhões registrado em 2024. A medida prevê a redução da jornada de trabalho, o que pode levar a um corte de até 29,4% nos salários dos funcionários que optarem por aderir à nova carga horária.

A proposta sugere que os empregados passem a cumprir uma jornada de 6 horas diárias, totalizando 34 horas semanais — em vez das atuais 8 horas por dia e 44 horas por semana.

Impacto financeiro

Com base em dados oficiais divulgados pelos Correios, o g1 cruzou informações salariais atualizadas até janeiro de 2025, considerando o Acordo Coletivo de Trabalho firmado em 2024. O levantamento comparou os salários atuais com os valores estimados após a redução de jornada.

A empresa conta hoje com 87.523 servidores distribuídos em 348 cargos de níveis médio e superior. A maioria (82.804) possui formação de nível médio, enquanto 4.719 atuam em cargos de nível superior. Os cálculos excluíram os cargos de comando, por não estarem vinculados a jornadas fixas.

Atualmente, esses funcionários somam uma base salarial mensal de R$ 344,7 milhões. Caso todos aceitem a nova proposta, esse valor cairia para R$ 266,4 milhões — uma redução mensal de R$ 78,3 milhões, ou 29,4%.

Em uma projeção anual, a economia pode chegar a R$ 940 milhões. O valor da folha com jornada de 8h seria de R$ 4,13 bilhões ao ano, enquanto, com 6h, a despesa cairia para R$ 3,2 bilhões.

Pacote de medidas dos Correios para 2025

O documento interno divulgado pela empresa estima uma economia total de R$ 1,5 bilhão para 2025. Entre as medidas anunciadas estão:

Reestruturação da sede: corte de pelo menos 20% nos cargos comissionados; Redução da jornada: incentivo à adesão voluntária à nova carga horária de 6h por dia; Suspensão temporária de férias: válida a partir de 1º de junho de 2025; férias serão retomadas em janeiro de 2026; Prorrogação do Programa de Desligamento Voluntário (PDV): inscrições abertas até 18 de maio de 2025; Incentivo à transferência voluntária de agentes de correios: com pagamento do adicional mais vantajoso; Retorno ao trabalho presencial: todos os funcionários devem retornar até 23 de junho de 2025, exceto os protegidos por decisões judiciais; Reformulação dos planos de saúde: novos formatos devem ser discutidos com sindicatos, com economia prevista de 30%; Lançamento de um marketplace próprio ainda este ano; Captação de R$ 3,8 bilhões junto ao New Development Bank (NDB) para investimentos.

Outras estratégias de contenção e crescimento

Em nova atualização divulgada na terça-feira (13), os Correios detalharam ações adicionais para equilibrar as contas e reverter o cenário financeiro negativo:

Compartilhamento de unidades operacionais; Venda de imóveis ociosos; Redução de gastos com manutenção; Otimização da logística e da malha operacional; Revisão de contratos nas 10 maiores superintendências; Reestruturação da rede de atendimento; Aperfeiçoamento do transporte aéreo e terrestre.

Além do corte de custos, a estatal espera aumentar as receitas em R$ 3,1 bilhões por meio de:

Expansão de operações internacionais e de encomendas, com novos modelos logísticos e políticas de preços mais flexíveis; Soluções voltadas ao setor público, como serviços de logística e comunicação para órgãos governamentais; Atração de novos clientes, especialmente pequenos e médios empreendedores do e-commerce; Rentabilização dos pontos de atendimento físicos e ampliação da oferta de produtos e serviços de parceiros comerciais.