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Trump pode aumentar tarifas ao Brasil? Estratégia protecionista visa beneficiar economia dos EUA; entenda

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Baseado na notícia escrita por Isabela Bolzani, g1

Trump ameaça impor tarifas ao Brasil, reacendendo temores de protecionismo

As recentes declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre aplicar ao Brasil as mesmas tarifas que o país cobra de produtos importados provocaram reações no setor produtivo brasileiro. Durante sua primeira coletiva de imprensa após vencer as eleições de 2024, Trump reafirmou sua intenção de adotar uma política econômica mais protecionista a partir de 2025.

“A Índia cobra muito [em tarifas de importação], o Brasil cobra muito. Se eles querem nos taxar, tudo bem, mas vamos cobrar a mesma coisa”, declarou Trump, sinalizando a prioridade em fortalecer a indústria doméstica dos EUA e limitar a concorrência estrangeira por meio de barreiras comerciais, subsídios e redução de importações.

Essa estratégia não é novidade. Durante seu primeiro mandato, Trump frequentemente ameaçou parceiros comerciais para obter vantagens em negociações bilaterais, uma prática que, segundo especialistas, poderia impactar negativamente tanto empresas brasileiras quanto norte-americanas.

Histórico de tarifas e negociações

No passado, medidas protecionistas semelhantes geraram preocupações no Brasil. Em 2018, Trump impôs tarifas sobre o aço e o alumínio, produtos de destaque nas exportações brasileiras. Após negociações, foi adotado o sistema de “cota rígida”, que limita a exportação desses produtos sem tarifas adicionais até um determinado volume. Embora inicialmente alarmante, o acordo ajudou a estabilizar as relações comerciais.

Agora, Trump volta a ameaçar o Brasil, mas sem detalhar quando ou como novas tarifas poderiam ser implementadas.

Impactos para o Brasil

Especialistas apontam que um aumento nas tarifas prejudicaria não apenas empresas brasileiras, mas também subsidiárias norte-americanas envolvidas na cadeia produtiva. Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior, alerta que Trump adota uma visão simplificada sobre o comércio exterior, ignorando os impactos complexos de tarifas sobre economias interconectadas.

Além disso, um dólar fortalecido devido às políticas protecionistas pode reduzir o volume de exportações brasileiras, ao mesmo tempo em que encarece produtos importados e eleva preços no mercado interno.

Para o consumidor brasileiro, o principal impacto seria a alta do dólar, que encarece produtos cotados na moeda norte-americana. Um real desvalorizado também tende a direcionar mais produtos para exportação, reduzindo a oferta no mercado interno e pressionando preços.

Interesses geopolíticos

Analistas também apontam que a retórica de Trump pode estar relacionada ao papel do Brasil e da Índia nos BRICS. Recentemente, Trump ameaçou o bloco com tarifas de 100% caso seus membros criem uma nova moeda para substituir o dólar em transações internacionais.

A postura protecionista de Trump e sua estratégia de confrontar o Brasil e outros países emergentes refletem, segundo especialistas, uma tentativa de conter iniciativas que reduzam a influência econômica dos EUA no cenário global.

Donald Trump em coletiva na Flórida — Foto: REUTERS/Brian Snyder

Donald Trump em coletiva na Flórida — Foto: REUTERS/Brian Snyder

Cenário futuro

Embora Trump ainda não tenha confirmado a aplicação de novas tarifas ao Brasil, suas declarações reacendem a preocupação com a política econômica protecionista que marcou seu primeiro mandato. Para o Brasil, a combinação de tarifas mais altas e um dólar valorizado pode gerar desafios adicionais para o setor produtivo e para os consumidores.

“Com o dólar em alta e um real enfraquecido, o Brasil enfrenta pressões econômicas internas e externas. A política protecionista de Trump só adiciona mais complexidade a esse cenário”, conclui Rodrigo Leite, professor da UFRJ.

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