Temor de recessão nos EUA derruba mercados e impacta economia global
A preocupação com uma possível recessão nos Estados Unidos levou a uma forte queda nos principais índices do mercado financeiro nesta segunda-feira (10). Segundo especialistas, o motivo foi uma entrevista do presidente Donald Trump à emissora Fox News no domingo (9), na qual ele evitou descartar um aumento da inflação e até uma recessão como consequência de sua política tarifária.
A declaração de Trump intensificou o nervosismo dos investidores, que já estavam apreensivos com o fim dos cortes na taxa de juros americana e a possibilidade de novas altas. Durante a entrevista, o presidente argumentou que tarifas de importação mais elevadas protegeriam e fortaleceriam a indústria nacional, mas admitiu que os efeitos positivos só seriam sentidos no longo prazo.
O economista André Perfeito avalia que essa estratégia não traz benefícios imediatos.
“A fala de Trump reforça o temor do mercado, que já estava atento à alta dos juros. A combinação dessa elevação com uma política fiscal e industrial mais protecionista pode desacelerar ainda mais a economia americana. Quando o presidente sugere que a recessão pode realmente acontecer, isso se torna um gatilho para quedas expressivas nos mercados financeiros”, explica.
Desde a campanha presidencial, Trump defendia o aumento das tarifas de importação e adotou medidas que impactaram parceiros comerciais estratégicos, como Canadá e México. Apesar de alguns adiamentos, ele nunca abandonou essa política.
As bolsas americanas sentiram o impacto, com a Nasdaq – que concentra grandes empresas de tecnologia – registrando uma queda de 4%. Como reflexo, o mercado brasileiro também foi afetado: o Ibovespa recuou 0,41%, enquanto o dólar comercial subiu mais de 1%, fechando em R$ 5,85.
No entanto, André Perfeito acredita que nem todos os países serão prejudicados.
“O cenário global pode abrir oportunidades. Trump está reorganizando o tabuleiro do comércio internacional, e países como o Brasil podem se beneficiar dessa reconfiguração”, avalia o economista.