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Impacto da inflação: Real perdeu 87% do poder de compra desde 1994; R$ 100 de então valem hoje apenas R$ 12,71

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Real perde 87% do valor desde 1994 e notas valem cada vez menos

Quase 31 anos após o lançamento do Plano Real, a moeda brasileira perdeu cerca de 87% de seu valor. Isso significa que uma nota de R$ 5 de 1994, por exemplo, hoje tem um poder de compra equivalente a apenas R$ 0,64.

Essa perda é consequência de uma inflação acumulada de 686,64% entre julho de 1994 e março de 2025. Esse processo de desvalorização é natural em qualquer país que enfrenta inflação, como explica o economista Robson Gonçalves, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV):

“A inflação significa que, com o tempo, o mesmo valor em dinheiro passa a comprar menos. Você coloca um valor no bolso hoje, e daqui a meses ou anos, não consegue mais comprar as mesmas coisas.”

Ou seja, a desvalorização da moeda está diretamente ligada à perda do poder de compra ao longo do tempo. E isso acontece em várias partes do mundo — nos Estados Unidos, por exemplo, US$ 1 de 1994 hoje vale cerca de US$ 0,47.

O impacto nas notas do real

O g1 utilizou a calculadora de inflação do IBGE, que se baseia no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para calcular quanto cada cédula de real lançada desde 1994 vale atualmente. Veja os exemplos:

Nota de R$ 5 (1994): vale hoje R$ 0,64 Nota de R$ 2 (2001): tem hoje poder de compra de R$ 0,50 Nota de R$ 20 (2002): equivale hoje a R$ 5,18 Nota de R$ 200 (2020): vale atualmente R$ 149,67

Inflação e instabilidade ao longo do tempo

Quando o real foi criado, o Brasil saía de um período de hiperinflação. Nos 12 meses anteriores ao seu lançamento, a inflação acumulada chegava a 4.922%. A nova moeda foi uma tentativa de estabilizar a economia, e desde então, apesar de altos e baixos, o país conseguiu controlar a inflação — que hoje está em 5,06% nos últimos 12 meses.

No entanto, houve quatro momentos em que a inflação anual passou de 10%, sempre em meio a crises políticas ou econômicas:

1995 – 22,41%: incertezas sobre o sucesso do plano 2002 – 12,53%: apagão elétrico e eleição presidencial 2015 – 10,67%: início do processo de impeachment de Dilma Rousseff 2021 – 10,06%: impacto da pandemia de Covid-19

O economista Robson Gonçalves ressalta que, mesmo com controle no longo prazo, a inflação ainda assusta:

“A criação excessiva de moeda leva à inflação no longo prazo, mas crises políticas ou incertezas econômicas no curto prazo também influenciam. Empresários, por exemplo, podem aumentar os preços para se protegerem de possíveis instabilidades futuras.”

Inflação acumulada por década

Desde a criação do real, a inflação se distribuiu assim por décadas:

1994 a 2004 – 151,88% 2004 a 2014 – 70,03% 2014 a 2025 – 82,00%

Apesar da inflação moderada na maior parte dos anos, o acúmulo desse aumento faz com que o valor real do dinheiro não corresponda mais ao valor de face impresso nas cédulas. E isso ainda influencia diretamente a economia, o mercado e até o debate político atual.