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Como lidar com as demências que afetam cerca de 2 milhões de brasileiros?

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Este é o tema da nova série do Fantástico, “Além do Esquecimento”. Em três episódios, Drauzio Varella mostra as aflições de quem começa a perceber os sintomas, como a demência afeta as famílias, a importância do diagnóstico e estudos promissores. 

Por Fantástico

Como lidar com as demências que afetam cerca de 2 milhões de brasileiros? 

Os avanços da medicina permitem que as pessoas vivam mais tempo, mas, se cresce o número de idosos, aumentam também os problemas ligados ao envelhecimento. Hoje, cerca de dois milhões de brasileiros convivem com algum tipo de demência, como o Alzheimer. Este é o tema da nova série do Fantástico, “Além do Esquecimento”, que estreou neste domingo (15). 

Em três episódios, o doutor Drauzio Varella mostra as aflições de quem começa a perceber os sintomas, como a demência afeta as famílias, a importância do diagnóstico e estudos promissores. Veja no vídeo acima.

Disraeli e Marlene

No Brasil, 6% da população acima dos 60 anos sofre com falhas de memória. Marlene Pereira Pinto, professora aposentada, é uma dessas pessoas. 

Apesar de ter feito doutorado em educação, formado dezenas de professores e alfabetizado adultos, é do início da carreira que a Marlene se lembra. Até do companheiro de 20 anos, Disraeli de Figueiredo, ela passou a se esquecer ultimamente. 

“[Ela diz]: ‘Chama a polícia, liga para o porteiro para chamar a polícia porque tem um homem aqui’. Aí o porteiro diz para ela: ‘Não, é o Disraeli’. Aí ela fala: ‘Eu falei com a minha filha e ela falou que ele é do bem.’ […] Tem que achar graça de certas coisas, mesmo sendo doído, porque esse é o caminho da doença”, afirma Disraeli. 

Marlene Pereira foi diagnosticada com Alzheimer — Foto: TV Globo/Reprodução 

Marlene foi diagnosticada com Alzheimer, a principal causa de demência no Brasil.

“60% do total de demências é ocasionado pela doença de Alzheimer, que é, até os dias de hoje, ainda irreversível”, destaca o psiquiatra Jerson Laks, da UFRJ.

A neurologista Jerusa Smid, da USP, explica a evolução da doença no cérebro: “A doença começa em uma região que se chama hipocampo, que a gente fala que é o portal da memória. Quando a doença evolui, eu vou tendo infelizmente o comprometimento dessas outras regiões do cérebro.” 

Hoje, não é só com a perda de memória e a tristeza que Marlene convive. Ela também tem alucinação. 

“Tem alguém aqui em casa! Quem? Não tem ninguém. Mas eu estou vendo. É um gato. Um gato quer entrar na janela. Eu vejo a sombra”, relata Marlene. 

Importância do diagnóstico precoce 

Elaine Mateus é fundadora do Instituto Não Me Esqueças – um dos raros serviços de cuidado gratuito a quem sofre de demência. A especialista alerta para o subdiagnóstico

“De cada dez pessoas, só duas recebem o diagnóstico. Um estudo publicado em 2019, pela Associação Internacional de Alzheimer, mostra que um grande número de profissionais da área da saúde em todo o mundo acredita que a demência é parte natural do envelhecimento. E se você entende como parte natural do envelhecimento, não há o que se fazer. Não há como tratar”, pontua. 

Esquecer não faz parte da velhice e deve ser tratado. “A primeira importância do diagnóstico precoce é que algumas causas de demência são reversíveis”, diz a neurologista Jerusa Smid. 

Mas, mesmo para as demências irreversíveis, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar os efeitos que vão de esquecimentos cada vez mais graves a desorientação espacial, mudanças de humor, depressão, perda da capacidade de falar e engolir, e as alucinações. 

“Se, em média, a pessoa vive de sete a dez anos com demência, quanto mais tempo ela tiver autonomia e interagir com quem estiver ao redor, melhor”, afirma o doutor Dráuzio Varella.