Edgard Telles Ribeiro toma posse na Academia Brasileira de Letras e destaca defesa da cultura em tempos de inteligência artificial
O escritor e diplomata Edgard Telles Ribeiro foi oficialmente empossado como membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) na última sexta-feira (4). Seguindo os tradicionais ritos da instituição, ele recebeu o colar acadêmico, o diploma e a espada, símbolos da imortalidade literária. A cerimônia contou com discurso de boas-vindas do escritor Ruy Castro e a presença do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Ribeiro passa a ocupar a cadeira de número 27, anteriormente pertencente ao poeta Antonio Cícero, falecido em 2024. Com formação em cinema pela Universidade da Califórnia, ele iniciou sua trajetória profissional como crítico de cinema nos jornais O Correio da Manhã e O Jornal, antes de ingressar na diplomacia.

Em seu discurso de posse, o novo imortal relembrou os 48 anos dedicados à carreira diplomática, muitos deles voltados à promoção da cultura. Ele também refletiu sobre os impactos da inteligência artificial no cenário cultural contemporâneo e na missão da ABL.
“Não me detenho nesse tema apenas para relembrar o passado de colaboração entre a Academia, o Itamaraty e o Ministério da Cultura, mas para apontar como a chegada da inteligência artificial — apesar de seus benefícios — pode representar um desafio à preservação de valores fundamentais, como a diversidade cultural dos povos”, afirmou.
O presidente da ABL, Merval Pereira, destacou a relevância da chegada de Telles Ribeiro à instituição:
“Ele vai agregar muito à Academia com sua vivência cultural. Além disso, é um grande romancista. Seu livro O Punho e a Renda é uma das melhores obras recentes e descreve com precisão os bastidores do Itamaraty durante a ditadura.”
Com quinze livros publicados e obras traduzidas nos Estados Unidos, Europa e Argentina, Edgard também recebeu elogios de Gilberto Gil, que ressaltou sua longa contribuição à cultura brasileira:
“A atuação dele, tanto como diplomata quanto como escritor, já o fazia naturalmente apto a integrar esse seleto grupo.”
Ao encerrar seu discurso, Edgard Telles Ribeiro definiu seu ingresso na ABL como um mergulho na memória cultural do país:
“Me juntar a esse grupo de pessoas significa me juntar também a um patrimônio e a um acervo de memórias incríveis.”