A ideia de frente ampla contra o presidente Jair Bolsonaro alcançou uma adesão formal neste sábado, no sexto conjunto de atos convocados pela esquerda no país, mas divergências entre representantes dos 20 partidos que foram às ruas mostraram que a prática está longe dos discursos dos políticos que foram ao palanque. Na avenida Paulista, em São Paulo, o protesto uniu geograficamente nomes como Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL) ao presidenciável Ciro Gomes (PDT) e a Fernando Alfredo, presidente do diretório municipal do PSDB, com a participação em vídeos dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede) e Simone Tebet (MDB), atualmente em destaque pela atuação na CPI da Pandemia. No entanto, a união esbarrou em rusgas entre parte da militância, com xingamentos dos petistas aos pedetistas e aos tucanos.
Mais dispersa, a manifestação tomou conta de ao menos 10 quarteirões da avenida. Foram 100.000 presentes nas estimativas da organização e 8.000 nas contas da Polícia Militar —pela contagem oficial, o protesto foi maior que o de 12 de setembro, organizado pelo Movimento Brasil Livre (6.000 pessoas), e menor que o ato em apoio ao presidente realizado em 7 de Setembro (125.000 pessoas), realizados no mesmo local.
Haddad, Boulos e o deputado federal Marcelo Freixo, que recentemente trocou o PSOL pelo PSB, foram os mais ovacionados pelos manifestantes durante os discursos. Boulos foi o primeiro: “O Brasil real está aqui, não no protesto fascista de 7 de setembro. Não aguentamos mais esperar enquanto ficamos na fila do osso. As diferenças que temos são menores do que a união para tirar esse genocida”, disse sob aplausos. Haddad e Freixo, que subiram ao palanque de mãos dadas, repetiram o discurso de união entre diferentes pelo impeachment de Bolsonaro. “Não podemos perder de vista o que estamos fazendo aqui. Essa desgraça de Governo tem que acabar antes da eleição”, disse o petista.
Fonte: El Pais