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‘Nossas posições não coincidem com as do Brasil em relação à Venezuela’, diz Putin, sobre entrada do país nos Brics

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Presidente russo também reafirmou seu apoio às eleições de julho ocorridas no país, contestadas internacionalmente, inclusive pelo governo Lula. Em sua fala, ele disse que considerava o presidente do Brasil ‘um homem muito honesto’. Putin recebeu Maduro em reunião de cúpula do Brics, em Kazan, na Rússia.

Por g1 

O presidente russo, Vladimir Putin, conversa com jornalistas durante a reunião de cúpula dos Brics em Kazan, na Rússia — Foto: Alexandr Kryazhev/BRICS-RUSSIA2024/Reuters

O presidente russo, Vladimir Putin, conversa com jornalistas durante a reunião de cúpula dos Brics em Kazan, na Rússia — Foto: Alexandr Kryazhev/BRICS-RUSSIA2024/Reuters 

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Ao ser questionado sobre a entrada da Venezuela nos Brics, o presidente da RússiaVladimir Putin, deixou claro ser a favor da entrada do país no bloco e disse que as posições de Moscou “não coincidem com as do Brasil” em relação ao tema — o Brasil não quer a entrada do país vizinho no grupo. 

A pergunta foi feita pela repórter Bianca Rothier, correspondente da TV Globo. 

País aspirante a integrar do Brics, a Venezuela ficou de fora da lista se tornar parceiro do bloco econômico que tem Brasil, Rússia, Índia e China e África do Sul como países principais. A decisão coincidiu com o desejo do Brasil — a relação entre Maduro e Lula está estremecida desde a eleição presidencial venezuelana, em que o presidente foi declarado reeleito em um pleito com falta de transparência, amplamento rechaçado pela comunidade internacional. 

“Nossas posições não correspondem com a do Brasil em relação à Venezuela. Eu falo sobre isso abertamente, nós falamos sobre isso por telefone com o presidente do Brasil, com quem eu tenho uma relação muito boa, eu considero isso uma relação amigável”, disse Putin, em referência a Lula.

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O presidente russo disse também ter acatado o resultado das eleições na Venezuela e citou o caso de Juan Guaidó, opositor que reivindicou vitória em um pleito passado contra Nicolás Maduro

“Eu lembro que um dia o líder da oposição [Guaidó], depois dos primeiros votos, foi a uma praça, olhou para cima e disse que, diante de Deus, considerava-se presidente. Engraçado, não é? Nós discutimos essa situação com a liderança dos EUA. Mas eles apoiavam, e ainda apoiam a oposição [na Venezuela]. No entanto, eles se mantiveram em silêncio. […] Mas não é asism que funciona. Existem certos procedimentos eleitorais.”

‘Homem muito honesto’

“Nós acreditamos que o presidente Maduro venceu a eleição, de forma honesta. Ele formou o governo, e nós desejamos sucesso ao governo dele e ao povo brasileiro. Mas nós acreditamos que o Brasil e a Venezuela, em uma discussão bilateral, resolverão suas relações diplomáticas”, completou. 

Diante da jornalista brasileira, Putin também comentou sua relação com o presidente Lula: “Eu conheço o presidente Lula como um homem muito honesto, e eu tenho certeza que ele, com essas posições, irá lidar com essa situação de maneira objetiva”.

Venezuela escanteada

O principal tema da cúpula de Kazan foi a entrada de novos países no bloco, na categoria recém-criada de “Estados parceiros”. Eles poderão participar dos encontros, mas não terão direito a votar temas caros ao bloco, por exemplo. 

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Segundo apurou a TV Globo, o governo brasileiro fez pressão política para que Venezuela e Nicarágua não entrassem na lista. Não houve veto formal, mas segundo fontes ouvidas, “os russos sabem da irritação de Lula com o Maduro [devido às eleições]”. 

A rusga com a Nicarágua ocorre após o ditador Daniel Ortega ter explusado o embaixador brasileiro e passar a perseguir religiosos e opositores. 

Apesar de ter sido barrado pelo Brasil, Maduro apareceu na foto oficial. Ele viajou para Kazan e chegou na terça-feira (22), no segundo dia do evento. O presidente venezuelano defende a entrada do país no bloco, mas nem Putin defendeu a inclusão da Venezuela aos parceiros do Brics

Líderes das delegações dos países que participaram da cúpula do Brics posam para foto no último dia do encontro, em 24 de outubro de 2024, em Kazan, na Rússia. — Foto: Alexander Nemenov, Pool Photo via AP

Líderes das delegações dos países que participaram da cúpula do Brics posam para foto no último dia do encontro, em 24 de outubro de 2024, em Kazan, na Rússia. — Foto: Alexander Nemenov, Pool Photo via AP 

Durante as conversas na cúpula do Brics, foi discutida uma possível ampliação do bloco com a criação da posição de “países parceiros”. Segundo especialistas, essa discussão ampliou a influência geopolítica da Rússia e da China

Discurso de Lula

O presidente Lula participou da reunião presidencial da cúpula do Brics por videoconferência na quarta (23). Ele não viajou a Kazan por recomendação médica após sofrer um acidente doméstico

No discurso, Lula recorreu a temas frequentes nas suas últimas participações em fóruns internacionais, incluindo apelos contra mudança climática, crítica às guerras e defesa da taxação dos “super-ricos”. Leia tudo aqui

Durante a cúpula, o Brasil deixou claro que é a favor de definir critérios claros para decidir quais países poderão entrar como parceiros do bloco.