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Plano ABC+: entenda metas do agro para reduzir emissão de poluentes até 2030

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No Brasil, depois do desmatamento, a agropecuária é a atividade que mais emite dióxido de carbono (CO2) à atmosfera, além de ser a principal emissora de metano, dois gases de efeito estufa que, em excesso, provocam aumento da temperatura global.

Por causa disso, tem sido cada vez maior a pressão de líderes globais para que o Brasil mude o seu modo de produzir. Mas o que o setor no país tem feito para isso?

Faz 11 anos que o Ministério da Agricultura tem um programa que visa incentivar produtores rurais a adotarem práticas sustentáveis, o chamado Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, mais conhecido como Plano ABC.

Ambientalistas e institutos que acompanham o programa desde o início avaliam que as tecnologias previstas são eficientes em reduzir emissões de poluentes, mas ressaltam que, para fazer uma transição para a agricultura de baixo carbono, o governo terá que investir mais.

A primeira fase do ABC vigorou entre 2010 e 2020 e incluiu técnicas como plantio direto; recuperação de pastagens degradadas; tratamento de dejetos animais; sistemas de integração; florestas plantadas e bioinsumos.

O estímulo para que agricultores adotem essas práticas é feito por meio do crédito público.

Outras tecnologias como sistemas irrigados e terminação intensiva na pecuária foram inclusas na segunda fase do plano, cujas metas foram anunciadas em 18 de outubro, às vésperas da 26ª Conferência das Nações Unidas (COP26) sobre as mudanças climáticas, que termina nesta sexta-feira (12) em Glasgow, na Escócia.

A nova etapa, chamada de ABC+, irá vigorar de 2021 a 2030. E, a cada dois anos, as metas e as tecnologias poderão ser revistas. 

Mais ambicioso

Especialistas ouvidos pelo g1 consideram a meta atual mais ambiciosa e avaliam que o programa está mais robusto e detalhado do que o anterior, com tecnologias mais avançadas.

Por outro lado, analisam que, para que as metas sejam atingidas, o governo terá que aumentar os recursos do programa. O pouco crédito direcionado para esta política é, inclusive, um dos principais gargalos do plano desde a sua criação, segundo especialistas ouvidos.

O ABC é financiado via Plano Safra, que é a principal fonte pública de custeio das atividades do campo. E, atualmente, os recursos reservados para a agricultura de baixo carbono representam apenas 2% (R$ 5 bilhões) do total do Safra 2021/22 (R$ 251,2 bilhões).

ABC entre 2010 e 2020

O plano ABC de 2010 a 2020 previa uma redução de 133,9 milhões de toneladas a 162,9 milhões de toneladas da emissão de CO2eq. Ao final do período, as iniciativas levaram a uma mitigação maior, de 170 milhões de toneladas, em mais de 50 milhões de hectares, segundo dados do Ministério da Agricultura.

Isso ocorreu porque os resultados de cinco dos seis objetivos do plano foram maiores do que o previsto. Por outro lado, a meta de plantar floresta ficou abaixo do esperado.

As metas e os resultados alcançados foram os seguintes:

  1. Recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas: foram recuperados 26 milhões de hectares;
  2. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) em 4 milhões de hectares: foram alcançados 11 milhões de hectares;
  3. Plantio Direto em 8 milhões de hectares: foi implementado em 12 milhões de hectares;
  4. Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) em 5,5 milhões de hectares: atingiu 11 milhões de hectares;
  5. Expansão do plantio de florestas em 3,0 milhões de hectares: entre 1,5 milhão e2 milhões de hectares;
  6. Tratamento de dejetos animais de 4,4 milhões de m³: atingiu 30 milhões de m³.

O que foi investido

Os investimentos previstos para alcançar as metas da primeira década do plano eram de R$ 197 bilhões. Desse total, o governo disponibilizou R$ 32 bilhões para a linha ABC do Plano Safra, dos quais os produtores contrataram R$ 21 bilhões, afirma o Ministério.

O órgão diz ainda que os produtores acabam contratando outras linhas de crédito, que não são específicas do ABC, para implementar ações de agricultura de baixo carbono em suas propriedades, mas não detalha qual tem sido o montante.

O Ministério afirma também que não tem dados do que foi investido pela iniciativa privada.

Fonte: G1