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Carne, café e azeite: os “principais responsáveis pela inflação” vão seguir com aumento?

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Com o governo de Lula e os consumidores atentos aos preços dos alimentos no início de 2025, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou nesta terça-feira (11) que a inflação de janeiro registrou um aumento de 0,16%.

Nos últimos 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no país, teve alta de 4,56%, o que representa uma desaceleração em comparação aos 4,83% registrados em dezembro. Esse foi o menor aumento do IPCA para o mês de janeiro desde a criação do Plano Real, em 1994, devido principalmente a uma queda de 14,21% nos preços da energia elétrica, graças ao “bônus de Itaipu” nas contas de luz.

Entretanto, os custos de transportes (que subiram 1,3%, impulsionados pelos reajustes nas passagens aéreas e transporte urbano) e alimentos e bebidas (com aumento de 0,96%, sendo 1,07% na alimentação em domicílio) continuam pressionando os consumidores. Itens como cenoura (36,14%), tomate (20,27%) e café moído (8,56%) lideraram o aumento no setor alimentício.

Para entender as perspectivas dos preços de alimentos como carne, café, laranja, óleo de soja e azeite, entrevistamos André Braz, coordenador de Índices de Preços na Fundação Getulio Vargas (FGV).

Carnes

Em janeiro, as carnes subiram 0,36%, acumulando uma alta de 21,17% nos últimos 12 meses, bem acima da inflação geral. A alta deve continuar, influenciada pela desvalorização da moeda brasileira, que aumentou as exportações de carne, reduzindo a oferta interna. Além disso, o ciclo pecuário, com a diminuição do rebanho após o aumento do abate de fêmeas, também contribui para a alta nos preços.

Café

O preço do café moído subiu 50,35% em 12 meses até janeiro, impulsionado por uma seca histórica no ano anterior, que afetou a produção. Em 2025, a oferta de café será mais fraca, o que deve manter os preços elevados, conforme o ciclo bianual do produto.

Laranja

O preço da laranja atingiu altos recordes em 2024, com aumento de 59,56% na laranja lima e 34,52% na laranja pera. A seca e as altas temperaturas afetaram as lavouras, resultando em uma previsão de queda na produção na safra de 2024/25. A oferta externa pode impactar ainda mais os preços no Brasil, com a exportação de laranja brasileira ganhando destaque no mercado global.

Óleo de soja

O óleo de soja teve alta de 24,55% nos últimos 12 meses, mas as projeções para 2025 são mais otimistas, com a expectativa de safra recorde de soja, o que pode levar a uma desaceleração nos preços, embora não seja suficiente para recompor os preços de dois anos atrás.

Azeite

Com aumento de 17,24% nos últimos 12 meses, o azeite é outro item que continua com preços elevados devido à escassez de safras nos principais países produtores. Apesar da queda nos preços internacionais, a desvalorização do real impede uma queda significativa nos preços no mercado brasileiro.

Esses fatores indicam que, apesar de algumas áreas apresentarem sinais de alívio, muitas commodities alimentícias continuarão pressionando os consumidores em 2025.