O Papa Francisco terá um funeral mais modesto em comparação com os de seus antecessores — um desejo pessoal que levou à revisão de algumas tradições e protocolos do Vaticano.
Apesar da movimentação dos fiéis, a atmosfera na imponente Basílica de São Pedro e na pequena Cidade do Vaticano parece suspensa no tempo. Com a morte de um papa, todos os cargos ligados ao seu pontificado, inclusive o do secretário de Estado, são automaticamente extintos. Apenas funções ligadas à transição permanecem ativas. Até possíveis dívidas do pontífice deixam de existir. Instaura-se, então, o período conhecido como sede vacante, que permanece até a eleição de um novo papa.

Na segunda-feira (21), o camerlengo — cardeal Kevin Farrell — iniciou os rituais protocolares, confirmando oficialmente a morte de Francisco, lacrando os aposentos papais e destruindo, conforme a tradição, o anel papal. No entanto, como Francisco abdicou do tradicional anel do pescador, símbolo do sucessor de Pedro, usava apenas o seu anel episcopal.
Desde o vazamento das imagens da morte de Pio XII, em 1958, os funerais papais se tornaram mais públicos. Em 2005, milhões acompanharam o adeus a João Paulo II. Mas Francisco optou por mudanças significativas nesse ritual.
Se sua vontade for respeitada, o funeral será bem mais simples. Ele encurtou o protocolo, eliminando etapas tradicionais. O corpo será transportado diretamente da capela da Casa Santa Marta à Basílica de São Pedro na quarta-feira (23), sem passar pelo Palácio Apostólico — espaço que ele recusou utilizar enquanto vivo. O caixão ficará no chão da basílica, sem qualquer elevação, e o corpo não será exposto fora do caixão para o público.
No sábado (26), às 10h no horário local (5h em Brasília), será celebrada a missa de corpo presente na Praça São Pedro. Também será abandonada a prática de sepultamento em três caixões — dois de madeira e um de chumbo —, permanecendo apenas um caixão de madeira revestido com metal.
Francisco também escolheu um local diferente para seu descanso final. Em vez da tradicional cripta sob a Basílica de São Pedro, onde repousam mais de cem papas, ele optou por ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maior — uma das igrejas marianas mais importantes do mundo, refletindo sua devoção à Virgem Maria.