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UFPI não fornece intérprete de Libras para aluna surda, e colegas organizam vaquinha para custear profissional.

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Falta de intérprete de Libras na UFPI mobiliza família e colegas de aluna surda

A Universidade Federal do Piauí (UFPI) ainda não disponibilizou um intérprete de Libras para Ana Beatriz Aragão, 20 anos, estudante do primeiro período de Arquitetura e Urbanismo. Diante da situação, familiares e colegas da jovem se organizaram para custear um profissional, garantindo que ela possa acompanhar as aulas sem prejuízos acadêmicos.

Por meio de um intérprete, Ana Beatriz desabafou sobre as dificuldades enfrentadas. “Quando cheguei aqui, não havia acessibilidade em Libras. Isso me prejudicou muito. Minha mãe foi quem buscou alguém para me acompanhar e garantir essa acessibilidade”, relatou.

A estudante espera que a universidade reconheça a importância da contratação de um intérprete o quanto antes. “Quero seguir com o curso. Minha intenção nunca foi desistir”, afirmou.

Impasse na contratação

A UFPI explicou que um dos principais entraves para a contratação de intérpretes de Libras é a extinção do cargo durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o que impossibilita a realização de concursos públicos. Além disso, a instituição alegou que a falta de orçamento previsto para 2024 impede a realização de um processo seletivo para contratação temporária.

“Alegria da aprovação virou tristeza”

A mãe de Ana Beatriz, Maria Aparecida Aragão, contou que tem se mobilizado desde o início para garantir acessibilidade para a filha. “Ficamos muito felizes com a aprovação, mas ao nos depararmos com essa situação, foi um choque. Ela chorou muito e pensou em desistir”, disse.

Maria Aparecida também questionou a falta de estrutura da universidade. “Ela entrou pelo sistema de cotas para pessoas com deficiência. Como oferecem essas vagas sem garantir profissionais para acompanhar os alunos?”, indagou.

Vaquinha para garantir intérprete

Diante da dificuldade, colegas de Ana Beatriz organizaram uma vaquinha para custear a contratação de intérpretes, que cobram cerca de R$ 150 por hora. Como a carga horária do curso é extensa, muitas vezes é necessário contratar mais de um profissional.

“A gente se uniu e divulgou nas redes sociais para alcançar mais pessoas que pudessem ajudar”, explicou Emanuel Gomes, colega da estudante.

Processo burocrático

O professor Fábio Passos, coordenador da Coordenação de Inclusão, Diversidade, Equidade e Acessibilidade (COIDEIA), explicou que a universidade enfrenta obstáculos burocráticos para solucionar o problema.

“Temos que seguir uma estrutura administrativa, com processos licitatórios e abertura de editais. Além disso, precisamos buscar códigos de vagas para viabilizar um concurso”, disse.

No entanto, ele afirmou que a UFPI avalia a possibilidade de uma contratação temporária. “Estamos empenhados em resolver essa questão. Desde a aprovação da aluna, temos nos mobilizado para encontrar uma solução. Nosso objetivo é resolver isso o mais rápido possível”, garantiu.

O professor reconheceu que a situação deveria ter sido resolvida antes, mas reforçou o compromisso da universidade. “Era para termos solucionado isso há um mês. Não é uma promessa, mas um esforço contínuo para garantir a acessibilidade”, concluiu.